8.10.07

Dylanesque


«Self Portrait» - Bob Dylan. 1970

"That album was put out because...at the time...I didn't like the attention I was getting. I [have] never been a person that wanted attention. And at that time I was getting the wrong kind of attention, for doing things I'd never done. So we released this album to get people off my back. They would not like me any more. That's...the reason the album was put out, so people would just at that time stop buying my records...and they did." Bob Dylan 1981.

Mais uma caixa Dylan que invade o mercado, numa adulação genérica e cada vez mais consensual sobre o génio daquele que será, porventura, o artista mais interessante de sempre da música popular. Regressar a «Self Portrait», em vez de mergulhar na nova caixa tripla é um exercício que não será para todos, a não ser fãs e estudiosos. Mas sempre gostei de passos de auto-indulgência nas carreiras dos verdadeiros artistas, e por isso troquei a bonita caixa por este «Auto-retrato», pintado por si - atente-se a ironia...

Com temas gravados por «dá cá aquela palha» e outros vindos da fase «nova voz» de «Nashville Skyline», misturados com alguns diamantes em bruto e temas ao vivo(?), «Self Portrait» é o disco que Dylan gravou em Woodstock, onde se havia fixado, para fugir ao monstro que (lhe) haviam criado. É preciso por isso - atenção! - ouvir este disco com muito mais do que simples ouvidos para o podermos enquadrar: é que até as palmas que se ouvem nas intro e outro das faixas live do espectáculo da Ilha de Wight nos parecem falsas, postas em estúdio...

Não esperemos encontrar aqui nada tão refinado quanto a obra-prima «Blood on the Tracks». Não esperemos encontrar aqui a verdade folk da primeira fase da carreira de Dylan. Aliás, não esperemos encontrar aqui nada de mais. Apenas Dylan, a destruir e reconstruir, a ousar e a afastar. Um passo que tinha mesmo que ser dado, como se provou mais tarde. É por isso que Dylan é único. E grande.

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1 comentário:

Anónimo disse...

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