8.12.08

Mérito

The Killers
Day and Age
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Foi para bandas como os The Killers que se inventou a violência absurda, é gente assim que justifica os actos mais hediondos e perversos da humanidade. Grosso modo esta gente faz uma espécie de pop de sintetizadores saltitantes com a ocasional guitarrada, assomos dançáveis e eventual melodia épica – o pior dos anos 80, portanto. Cada uma destas canções pretende passar por inventiva – eles até mudam de sub-género pop a cada tema e tudo – mas na realidade tudo isto é apenas uma imitação reles do pior da mencionada década. Além disso, cada uma destas canções aspira a ser “single”, o que na prática quer dizer que cada uma destas canções tem sempre um sinal de distinto mau gosto. A melhor canção de “Day & Age” é de longe “Day Ride”, funk branco com saxofone meloso, próximo do pior de Bowie nos 80s. A segunda melhor é “This is your life”, uma espécie de Keane em pior, de U2 em ainda mais pior mau foleiro e garantimo-vos: não há nada mais ridículo que tentar perceber quais são as melhores canções dos Killers (até se começa a escrever mal em português, é um efeito secundário). Em “Losing touch” temos sintetizadores de estádio e mais saxofones anódinos. Na disco-pop de “Human” aquele ritmozinho de pop gay dá mau nome aos gays. “I can't stay” é mais uma balada ridícula, com a extraordinária característica de ter a) marimbas; harpa; c) saxofone, o que a torna a primeira canção ridícula do mundo com marimbas, harpa e saxofone. Ainda pior que tudo isto (sim, é possível) é quando eles são sensíveis, como na primeira parte de “A dustland fairytale”, em registo balada ao piano com cordas cheias de emoção em fundo. (No entanto, “Neon tiger” é capaz de ganhar o campeonato de canção mais inenarravelmente má). Continuar a descrever o disco canção a canção é um exercício masoquista. Tenhamos pena dos pais destes rapazes, que andaram a trabalhar uma vida inteira para os filhos fazerem isto.

João Bonifácio
Publico - Y 05.12.08

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