27.12.08



«The Liberty of Norton Folgate» Madness 2009 (mp3)

Há grupos que optam por fazer reuniões com disco novo e no caso dos Madness só nos resta responder com Um Grande Obrigado! Gravado sem pressões temporais e comerciais entre 2006 e 2008, «The Liberty 0f Norton Folgate» é simplesmente delicioso, uma bela prenda de Natal para um fã que os ouviu em 1978, um turbilhão one step beyond saído do nada no advento do ska britânico. Mais uma vez grandes canções, bem dentro da sonoridade Madness - e que som inconfundível! - com um dueto com Rhoda Dakar em «Out of Town» e até um fantástico tema com mais de 10 minutos de duração que dá nome ao álbum. Assim sim. Assim vale a pena esperar pela tour para ouvir não só os temas antigos mas também os novos. À venda a 2 de Março, 2009. Suggs e companhia no seu melhor, na chuva britânica, no pub, no palco do clube, na sala de estar de uma council house, in the middle of the street. ****1/2 (mas como fã e pelo regresso honesto e brilhante) *****

15.12.08



«Chloe's Hair» Weatherman 2008 (video)

Single de avanço do segundo álbum de Weatherman, «Jamboree Park At The Milky Way» - ouvindo-se nele a melhor das inspirações de McCartney na era Wings - o que augura o melhor para a nova pop portuguesa. Vídeo usando a mesma solução técnica que Augusto Brázio apresentou no video de David Fonseca em dueto com Rita Redshoes, «Hold Still», aqui também com um belo resultado. ****

12.12.08












«All Hour Cymbals» Yeasayer 2008(Cd)

Vêm de Brooklin (não há nenhum mal nisso, é melhor do que virem «das Índias»), são completamente diferentes dos Tv on the Radio ou Vivian Girls - o que prova que a vitalidade de uma «cena» pode também ser provada pela sua diversidade, e se desde há 3 anos os discos mais interessantes da música popular foram feitos pelos Midlake e pelos Fleet Foxes, este ano a distinção vai para os Yeasayer. *****

8.12.08

Mérito

The Killers
Day and Age
0*

Foi para bandas como os The Killers que se inventou a violência absurda, é gente assim que justifica os actos mais hediondos e perversos da humanidade. Grosso modo esta gente faz uma espécie de pop de sintetizadores saltitantes com a ocasional guitarrada, assomos dançáveis e eventual melodia épica – o pior dos anos 80, portanto. Cada uma destas canções pretende passar por inventiva – eles até mudam de sub-género pop a cada tema e tudo – mas na realidade tudo isto é apenas uma imitação reles do pior da mencionada década. Além disso, cada uma destas canções aspira a ser “single”, o que na prática quer dizer que cada uma destas canções tem sempre um sinal de distinto mau gosto. A melhor canção de “Day & Age” é de longe “Day Ride”, funk branco com saxofone meloso, próximo do pior de Bowie nos 80s. A segunda melhor é “This is your life”, uma espécie de Keane em pior, de U2 em ainda mais pior mau foleiro e garantimo-vos: não há nada mais ridículo que tentar perceber quais são as melhores canções dos Killers (até se começa a escrever mal em português, é um efeito secundário). Em “Losing touch” temos sintetizadores de estádio e mais saxofones anódinos. Na disco-pop de “Human” aquele ritmozinho de pop gay dá mau nome aos gays. “I can't stay” é mais uma balada ridícula, com a extraordinária característica de ter a) marimbas; harpa; c) saxofone, o que a torna a primeira canção ridícula do mundo com marimbas, harpa e saxofone. Ainda pior que tudo isto (sim, é possível) é quando eles são sensíveis, como na primeira parte de “A dustland fairytale”, em registo balada ao piano com cordas cheias de emoção em fundo. (No entanto, “Neon tiger” é capaz de ganhar o campeonato de canção mais inenarravelmente má). Continuar a descrever o disco canção a canção é um exercício masoquista. Tenhamos pena dos pais destes rapazes, que andaram a trabalhar uma vida inteira para os filhos fazerem isto.

João Bonifácio
Publico - Y 05.12.08