23.2.08


«Coffee Helps» The Vicious Five 2008 (single)

Antecipando o muito aguardado «Sounds Like Trouble», com saída marcada para 10 de Março, o single «Coffee Helps», disponível no MySpace da banda, é uma agradável expectativa confirmada. Joaquim canta finalmente uma oitava abaixo, a estrutura de canção aperfeiçoou-se, o som apurou-se, e mesmo perigosamente perto do mainstream rock, os Vicious Five apresentam um dos hinos desta Estação e da próxima. Imparáveis. *****

20.2.08



«Sweetheart of the Rodeo» The Byrds 1968 (vinil)

Se nos anos 70 o termo Country-Rock era perfeitamente usual, no final dos anos 60 a Country e o Rock andavam em territórios diametralmente opostos. De um lado os rednecks que frequentavam o Grand Ole Opry, doutro os cabeludos pré-hippies. Mas as coisas estavam a mudar: Dylan tinha ido do Folk ao eléctrico e agora virava-se para o Country, gravando em Nashville com Johnny Cash, e os Byrds, à mão de Gram Parsons, tentavam semelhante «jogada». Claro que «Sweetheart...» tornar-se-ia no disco maldito do grupo, não entendido nem a jusante nem a montante. As próprias críticas da imprensa musical marginalizaram os Byrds, tão confundidos quanto os fãs hardcore da Country music. É por isso «perfeitamente normal» que hoje «Sweetheart...» se tenha tornado na peça de culto da carreira dos Byrds, porventura um dos seus discos mais interessantes, com Gram Parsons em estado de graça, gravando um dos seus melhores temas, «Hickory Wind», espalhando a conversão Country que terá estado nas origens da sigla Americana. No entanto, o disco marcaria também o desigual futuro dos Byrds, desagregando Parsons da banda e criando um hiato que levou também à saida de Chris Hilmann para os Flying Burrito Brothers, deixando Roger McGuinn como único timoneiro. Por isso tudo, *****, claro.

19.2.08


«Beloved - Mojo presents a treasury of classic indie rock» 2008 (Cd)

Vem colado na capa da Mojo de Março, e é uma colectânea organizada pela revista Mojo sobre os dourados anos indie. Estamos a falar da primeira metade dos anos 80, quando umas guitarras semi-tonadas, aliadas a uma frescura pop inquestionável, inventaram o termo «indie». Nessa génese estão grupos como os Felt, The Sound, The House of Love, Wah! Heat, The Orange Juice, The Gist, The Teardrop Explodes, entre outros. Ainda hoje estes sons soam mais frescos que nunca, e eram a verdadeira alternativa ao período neo-romântico, plástico e pós-moderno, a usar e abusar das novas tecnologias aliadas aos instrumentos musicais e ao novo equipamento de estúdio. Aqui, não. «Apenas» melodias imbatíveis da pop, leveza e intensidade na medida certa, em suma, o melhor que nos podem oferecer, nestes termos. Para quem conhece, indispensável, para quem não conhece, também. *****

14.2.08


«Urban Verbs» Urban Verbs 1980 (vinil)

Não fora o caso do cantor dos Urban Verbs, Roddy Frantz, mimetizar lirica e declamadamente um jovem David Byrne - ainda por mais sendo irmão do baterista dos Talking Heads! - e os Urban Verbs poderiam ter-se estreado como verdadeiramente originais. Mas, na História da pop, a régua evolucionista não perdoa e os Verbs sucumbiram ao segundo disco...
Mas apesar disso o seu disco de estréia é ainda hoje um clássico da era: urbano depressivo nas letras e na cadência ritmíca e harmónica, contém verdadeiras pérolas desde a faixa de abertura, o «clássico» «Subways»(Every morning I go under the city/Handful of change takes me away from it all/I leave my problems up on the street/And ride the subway where it's always warm) até à faixa que encerra o lado b, o incontornável «The Good Life»(That's the good life/It's L.A.). «Luca Basi», «Tina Grey» e «The Angry Young Men» revelavam uns Heads mais zangados e obsessivos que os originais, ainda que em busca de uma beleza redentora em «The Next Question»(I'm faced with the next question/Is this love or just a feeling/Sensations, infinite sensations/The next time should supply the answer/If this is love/I was born a survivor). *****

3.2.08


«In Rainbows» Radiohead 2008 (vinil)

Não se falou tanto da música em «In Rainbows» como se falou de todo o processo revolucionário da sua e-dição. Mas agora que a tempestade já passou, a música do último disco dos Radiohead vem ao de cima. E vem bem.
«In Rainbows» é para mim o melhor disco do grupo desde «Ok Computer», embora abra com 2 b-sides, que afastados logo ao princípio acabam, insolitamente, por não o desiquilibrar. A grande abertura é assim deixada a «Nude», um dos momentos altos do disco. Simplesmente belo e maravilhoso, o que nunca se podia ter afirmado de outro qualquer momento de «Hail to the Thief», «Amnesiac» ou «Kid A», os irmão feios de «In Rainbows», ou até do auto-miserabilismo - para o qual já não há pachorra nenhuma! - do solo de Thom. Porque é neste disco que os Radiohead conseguem o equilibrio entre o experimentalismo pop minimal e a beleza orquestrada por acidente consciente de uma mente a deixar-se ir com um belo groove de fundo. Começa em «Nude» e todas as canções - sim, canções! - que se lhe seguem são essenciais, não valendo a pena destacar nenhuma - usemo-las no tempo conforme as nossas disposições ou concentrações. «In Rainbows» não é apenas Bom, como por cá muitos dos críticos habituais o classificam, agora que perdem as regalias de uma primeira audição e deixam de ser os mensageiros. «In Rainbows» é muito bom, pequeno apenas devido às duas faixas iniciais que deveriam ter sido incineradas pela capa. *****